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"Não sou ninguém além do que faço... Minhas atituldes falam mais que minhas palavras a respeito de mim... Aprendi a reconhecer meus erros... E corro a busca de concertá-los... Somos o que fazemos para mudar o que fomos..."

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"Relatos de Um Soldado"

Noite de sexta-feira, dia 13 de Fevereiro... Inicio da guerra.

Recebi uma convocação importante... Fui chamado a uma guerra...

...Logo me vi no meio da “arena de guerra”, um soldado gritava em alta voz: “Avançar! Não importa quem cair! Continuem avançando!”... De repente um dos soldados a minha frente foi derrubado com um golpe certeiro em sua fronte... Não consegui evitar os olhos do soldado atingido... Era um olhar vazio, frio... Era o ultimo olhar daquele soldado...

O homem que incentivava os outros soldados ordenava: “Não parem!”.

... Era um homem alto, que não demonstrava força física, nem era de tão boa aparência... Mas mostrava vigor, perseverança e uma pose de moral que me fazia duvidar se eu devia temê-lo ou confiar nele...

Logo ele disse: “Todos para a trincheira!”... Então todos os soldados lançaram-se dentro da trincheira, obedecendo à ordem do tal homem...

Por traz da lama no rosto dos homens, via-se claramente um olhar de medo, afinal estávamos em guerra e ele nos mandou parar para uma ‘reuniãozinha’...

Mas só assim pude atentar meus ouvidos para aquele homem e tentar entender quem ele era...

Ele começou a olhar dentro dos olhos de todos, um a um... E isso me amedrontava, já chegava minha vez... Até que antes de chegar até mim ele disse com voz firme: “Eu sou o comandante desta guerra, o superior de vocês! E recebi ordens para vencer esta guerra! E para isto, dependo de todos!...”

Ele parou sua fala, e continuou a observar os olhares de todos os presentes... Olhou dentro dos olhos de todos, sem deixar faltar ninguém... E todos se perguntavam, assim como eu, o porquê da curiosidade dele em nosso olhar...

Fora da trincheira ouvíamos as bombas explodindo... Ouvíamos as rajadas das armas...

Mas mesmo assim ele insistia em permanecer ali, não para esconder-se, ao menos não era o que demonstrava... Eu tentava entender a atitude dele... Até que ele voltou a falar: “Estamos no meio de uma guerra, muitos já caíram, outros se ergueram... E vocês? O que tem feito? Como tem usado vossas armas?”...

Comecei a me perguntar: “Ele por acaso é louco?"... Sim é verdade que muitos já caíram e outros se ergueram, mas perguntar com estamos usando nossas armas?! Perguntar o que estamos fazendo?! Cada vez mais não entendo”... Mas ele continuou suas palavras, “... Vocês têm nas mãos o que pode livrá-los desta guerra, mas tem em seus olhares o que lhe aprisionam a ela...”... E todos começaram a se olhar e perguntar do que ele falava... Não era uma boa hora pra ironias... Até que ele respondeu o questionar de todos, “... O medo meus caros amigos... O medo! O inimigo percebe o medo no olhar de vocês, e o usa contra vocês... Não tenham medo de lutar, subam essa trincheira na convicção de que vencerão, mesmo que feridos! Aqueles que não podem deixar aqui este olhar inseguro, que fique, e perca a oportunidade de gritar a vitória!... A decisão é de vocês... Eu subirei a trincheira e serei apenas mais um soldado, e o que fará de mim vencedor será a vontade de lutar, e mesmo que eu seja atingido e não chegue ao fim, serei vencedor, pois venci o medo de lutar... Agora vão e lutem!”...

Quando ele terminou seu discurso, todos se olharam entre si, com um olhar de esperança que brotava de dentro para fora... E quando buscamos vê-lo, percebemos que ele já havia se posto a guerra, e assim muitos subiram a trincheira, como se já fossem vitoriosos, gritando em alta voz: “AVANÇEM!!!”...

Vi que alguns poucos homens ficaram, corri até eles e perguntei: “Não vão conosco? Vão mesmo ficar aqui?”... E um dos tais respondeu-me: “O discurso foi ótimo, bom ter servido pra muitos, mas ficaremos aqui esperando o fim da guerra... Vitória é permanecer vivo, não arriscar tudo o que tenho!”, e outro logo completou: “... Vencedor é aquele que vence sem lutar, concordo com o provérbio chinês! Boa sorte meu amigo...”... Eram três homens, então olhei ao terceiro, e com um olhar misturado em lágrimas, disse-me... “Estou ferido, e meu irmão morreu nesta guerra atingido em sua fronte... Não quero perder minha vida e receber o mesmo prêmio que ele, irei ficar, e poupar minha vida!”...Ouvindo aquelas palavras deixei a trincheira para traz e corri para juntar-me com os outros, que agora demonstravam um vigor que não tinham... Até que ouvi uma voz ao fundo gritando: “... Granada... Corram!”... Olhei para traz e vi a terra subir com a explosão, no mesmo instante as vozes que gritavam cessaram... Senti um vazio que pairava sobre a trincheira... Eles acreditaram que não lutar, seria vencer, e venceram, mas suas vitórias ficarão sob a terra... Sinto por todos...

Continuei a guerra e vi alguns caírem, outros serem feridos... Mas ninguém parava, e toda vez que alguém caia, os outros gritavam: “... Por mais um!...”... Mesmo em guerra, um se colocava a lutar pelo outro, fazendo justiça pelo que falhou... A guerra durou a noite inteira, já víamos o crepúsculo da manhã... E o ultimo inimigo foi derrubado...

E todos os sobreviventes, expuseram seus sorrisos e olhares de vitória, que mostrava entre a lama no rosto, e as feridas no corpo o alivio da vitória conquistada... Então um dos soldados gritou num ar de preocupação: “Onde está o comandante?...”... Então todos entrarão em desespero dizendo: “Não acredito, ele que incentivou a todos, não está aqui para que possamos agradecê-lo?!...”... Logo um dos nossos encontrou a arma de nosso maior aliado, no qual era merecedor do grito de vitória, logo concluímos... Ele não conseguiu... Todos votaram seus olhares em terra, na tristeza da grande perca... Não pude aquietar minhas palavras, chamei a atenção de todos e disse em alta voz, para que todos me ouvissem: “... Homens, por que abaixaram vossas cabeças? Ele não fracassou, ele foi vencedor, venceu o medo de lutar e alcançou seu principal objetivo nesta guerra... Vencer! A vitória que conquistamos, devemos a ele... Aos que falharam, devemos honra, pois lutaram ao nosso lado... Aos que temeram e não lutaram, devemos reverencia e respeito... Nós fomos além do nosso limite, pois fomos além desta guerra, vencemos a nós mesmos!... Conquistamos a libertação do nosso medo... Fomos vencedores a partir do momento que subimos a trincheira... Levantem os olhos e vejam o crepúsculo que nos saúda pela vitória... Não somos fracos, pois vencemos o medo de lutar!”

Todos então voltaram seus olhares aos céus, retomando o fôlego da alegria, conquistada na derrota de nosso medo! A guerra durou a noite inteira, mas a vitória nos veio ao amanhecer.

Manhã de Sábado, dia 13 de Fevereiro... O fim da guerra.

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